Seja em Minas, Alagoas ou em qualquer recanto desse país, o feito à mão sempre virá carregado de histórias, de identidade, de preciosismo.
Dois cases recentes reafirmam essa premissa. Desça o olhar para as linhas (e as lindas fotos!) abaixo e tire a prova dos nove.
Coleção Renda Filé
Uma grife de bolsas mergulhou no handmade para fazer emergir uma linha cheia de personalidade. As coleções MOG sempre focam na valorização manual da trama, seja o filé, de associações certificadas por manter a qualidade e a tradição, ou o crochê, que afirma a delicadeza do trabalho artesanal.
A palavra filé vem do francês “filet” – que quer dizer rede. Sim, a mesma rede usada por pescadores serviu, inicialmente, como trama de fios – uma espécie de tela – para artesãs bordarem suas composições.
“Trazer arte para a nossa coleção é trazer a raiz, sentimento e originalidade”, resume a diretora criativa da marca.
Parceria: Instituto Inbordal
A mais nova collab foi com o Inbordal, que nasceu, oficialmente, em 2014, mas a identificação geográfica (que delimita uma região que possui um produto com características específicas) do bordado como marca foi dada pelo INPI (lnstituto Nacional da Propriedade industrial) em 2016.
Hoje, o instituto inclui 30 mulheres associadas, que produzem jogos americanos, souplats, toalhas e trilhos de mesa, além de blusas, saias, vestidos e peças customizadas de acordo com o projeto solicitado.
“Quando a artesã leva um encomenda para casa, o bordado é feito em conjunto por ela, pela mãe, pelas filhas e pela nora. A família toda trabalha”, descreve Petrucia Lopes, uma das lideranças das rendeiras do Pontal.
E essa é a essência da MOG nas parcerias, a de fortalecer a economia circular.
Transbordando talento
Um sensível trabalho, sob curadoria do estilista Ronaldo Fraga, realizado junto a 175 pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Minas, promoveu a releitura e ressignificação dos produtos artesanais e agropecuários tradicionais da região.
Um ano após seu início, período que demandou uma série de atividades técnicas e de gestão com 13 grupos de artesãos da região de Mariana e Barra Longa (MG), acaba de ser lançada oficialmente a coleção “Minha Casa em Mim” – no site homônimo – composta por produtos artesanais+gastronômicos que preservam e resgatam as mais genuínas tradições mineiras.
Com o olhar apurado de Ronaldo Fraga como mentor, o projeto propôs releituras e ressignificação da produção local de forma a agregar valor aos itens desenvolvidos e implantar uma cultura de economia criativa pautada nos conceitos colaborativos e sustentáveis.
Os artesãos foram orientados por consultores como Ana Vaz, especializada em design têxtil, Baba Santana, referência em papietagem, e o designer Marcelo, expert no uso do bambu, para aprimorarem suas técnicas e habilidades, além de receberem direcionamentos técnicos e gerenciais como uniformização da produção, embalagem, procedimentos sanitários e precificação de produtos, entre outros.
A coleção, que busca privilegiar produtos com o mais genuíno DNA mineiro e estimular o potencial artesanal das regiões, é formada por diversos itens que revelam a cultura e tradições dos respectivos locais onde são desenvolvidos, como o vinho de jabuticaba de Monsenhor Horta, o doce de mamão rosas crocantes de Mestre Ataíde da comunidade de Camargos, as luminárias de bambu do distrito de Cláudio Manuel e as almofadas bordadas com andorinhas pelo Grupo Meninas da Barra, entre outros.
Grata por tudo. Adorei a matéria, linda valorização da cultura imaterial de Alagoas 💋